Caminhos de Santiago

No início do século IX, a descoberta dos restos mortais de um apóstolo de Cristo, Santiago Maior, reatou uma tradição milenar que já na pré-história dirigia os homens para o Finis Terrae galego, recorrendo, no fundo, à tradição antiga dos homens reproduzirem o trajeto da Via Láctea na terra. Embora não seja o único caminho ancestral em direção a Ocidente, e que percorre com perfeição todo um paralelo terrestre, o Caminho de Santiago foi aquele que acabou por moldar definitivamente e gerar a Europa moderna.

A partir do século X, duas ordens religiosas incumbem-se de cristalizar esse objetivo antigo do homem, de se renovar por dentro. Foram elas a ordem de Cluny e a dos Templários, que se encarregam da reconstrução do velho Império Romano na Península, e de traduzir os velhos símbolos das culturas atlantes já existentes, como o tridente de Poséidon, a estrela ou a concha, adaptando-os à peregrinação cristã. O Caminho cristão começa então a tomar forma, principalmente pela mão destas duas Ordens, que se tornam protetores dos peregrinos, à medida que a reconquista cristã avança e expulsa os mouros para sul até ao último reduto em Granada.

Acreditamos que a importante Via da Prata, que trazia os peregrinos do sul da Península Ibérica por Sevilha e Mérida, ao chegar a Cáceres, convidava o peregrino a encurtar o percurso natural para noroeste, pela chamada Via Dalmatia, a contornar a Serra da Malcata e atravessar o Vale do Côa. De Cidade Rodrigo, chegam-nos, até hoje, relados escritos de peregrinos por terras lusas, como Torres Villaroel ou Leon de Rosmithal. Também Francisco de Assis, segundo rezam as crónicas, passou por ali, a caminho ou no regresso de Compostela, já que uma iconografia surpreendente na Catedral de Santa Maria de Ciudad Rodrigo, datada do séc. XIII, o caracteriza em peregrinação. Do lado português, também a oralidade nos indica que poderá ter pernoitado em Castelo Rodrigo, no seu caminho por Bragança onde fundou o primeiro convento da Ordem Franciscana em Portugal.

Segundo autores, como Otero ou Matos, os portugueses peregrinam a Santiago desde o século XII, para apenas no séc. XVIII a peregrinação entrar em decadência com as influências do Iluminismo, do Liberalismo e das crises social e política, consequentes das invasões francesas.

Marcar, hoje, os caminhos de Santiago no Vale do Côa não é tarefa fácil, pois é percorrer um milénio cheio de adversidades geopolíticas, económicas e sociais, que influenciaram certamente as suas direções. É desvendar um percurso que ora morria ora nascia, em quase todos os seus pontos, criando assim múltiplos e os chamados caminhos secundários, que acabam por desaguar nas vias principais.

Ainda assim, fomos à descoberta das memórias do culto jacobita, das pontes e das vias de comunicação milenares, do românico, da presença das ordens religiosas na região, da existência de albergarias medievais ou da toponímia do território, dos santuários, com a finalidade de reunir uma trama de referências para um mapa de possíveis e diversas escolhas. Desafiamo-lo(a) assim para o Caminho, hoje.

A partir do século X, duas ordens religiosas incumbem-se de cristalizar esse objetivo antigo do homem, de se renovar por dentro. Foram elas a ordem de Cluny e a dos Templários, que se encarregam da reconstrução do velho Império Romano na Península, e de traduzir os velhos símbolos das culturas atlantes já existentes, como o tridente de Poséidon, a estrela ou a concha, adaptando-os à peregrinação cristã. O Caminho cristão começa então a tomar forma, principalmente pela mão destas duas Ordens, que se tornam protetores dos peregrinos, à medida que a reconquista cristã avança e expulsa os mouros para sul até ao último reduto em Granada.

Acreditamos que a importante Via da Prata, que trazia os peregrinos do sul da Península Ibérica por Sevilha e Mérida, ao chegar a Cáceres, convidava o peregrino a encurtar o percurso natural para noroeste, pela chamada Via Dalmatia, a contornar a Serra da Malcata e atravessar o Vale do Côa. De Cidade Rodrigo, chegam-nos, até hoje, relados escritos de peregrinos por terras lusas, como Torres Villaroel ou Leon de Rosmithal. Também Francisco de Assis, segundo rezam as crónicas, passou por ali, a caminho ou no regresso de Compostela, já que uma iconografia surpreendente na Catedral de Santa Maria de Ciudad Rodrigo, datada do séc. XIII, o caracteriza em peregrinação. Do lado português, também a oralidade nos indica que poderá ter pernoitado em Castelo Rodrigo, no seu caminho por Bragança onde fundou o primeiro convento da Ordem Franciscana em Portugal.

Segundo autores, como Otero ou Matos, os portugueses peregrinam a Santiago desde o século XII, para apenas no séc. XVIII a peregrinação entrar em decadência com as influências do Iluminismo, do Liberalismo e das crises social e política, consequentes das invasões francesas.

Marcar, hoje, os caminhos de Santiago no Vale do Côa não é tarefa fácil, pois é percorrer um milénio cheio de adversidades geopolíticas, económicas e sociais, que influenciaram certamente as suas direções. É desvendar um percurso que ora morria ora nascia, em quase todos os seus pontos, criando assim múltiplos e os chamados caminhos secundários, que acabam por desaguar nas vias principais.

Ainda assim, fomos à descoberta das memórias do culto jacobita, das pontes e das vias de comunicação milenares, do românico, da presença das ordens religiosas na região, da existência de albergarias medievais ou da toponímia do território, dos santuários, com a finalidade de reunir uma trama de referências para um mapa de possíveis e diversas escolhas. Desafiamo-lo(a) assim para o Caminho, hoje.

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